JÚLIO POMAR, O DECANO DOS GRANDES MESTRES DO SÉC. XX PORTUGUÊS

Júlio Pomar (Lisboa, 1926), radicado em Paris desde 1963, foi-se afastando progressivamente do modelo inicial de uma expressão figurativa que nunca abandonaria completamente. O seu compromisso seria a partir de então com a linguagem da própria pintura, objeto de reflexão também da sua poesia. Com a expressão do gesto, da linha, da composição e da cor, caminhando rumo ao informalismo e passando por uma estética da fragmentação e pela colagem. O atual trabalho para serigrafia numa sugestão de assemblage surrealista, evoca a série dos tigres dos anos 1980, com uma intervenção do desenho, sob o signo do insólito e do lirismo de um leque, um elemento virtualmente escultural contrastando com as escorrências da tinta e as suas aberturas a uma luz invasora, numa sábia composição reveladora da mestria plástica do autor.

Maria João Fernandes